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11 de junho de 2010

A submissão da mulher de acordo com a Bíblia

Recebi um scrap de um amigo meu, ciente de meu movimento feminista, que citava:

Semelhantemente, vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios
maridos, para que também, se alguns deles não obedecem à Palavra, pelo
procedimento de suas mulheres, sejam ganhos sem palavra, considerando a
vossa vida casta, em temor.
(1 Pedro 3:1-2)

Certa vez quando fui a uma missa na Igreja da Matriz de Santo Antônio, com Mosenhor Lúcio celebrando, ele citou esse trecho, dizendo que a mulher deve ser submissa ao homem.
Eu não sou religiosa, sou a famosa católica não praticante. Porém ao relembrar do ocorrido, encontrei na própria Bíblia trechos que mudam a interpretação do Mosenhor e da maioria das pessoas. Proponho aqui então, uma reinterpretação ATUAL do texto bíblico, pois assim como no Direito, as leis não mudam, são interpretadas de forma diferente de modo a se conformar com a realidade.
Comecemos então:


Efésios - 5 - 22 : 24
(22) Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, (23) pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. (24) Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
PRESSUPOSTOS GERAIS
1. Entendemos que a Bíblia ainda é o livro que rege as nossas vidas. Por ser a Palavra de Deus, a ela nos submetemos, a ela, não à interpretação,
que varia e muda. Somos cativos da Palavra de Deus, não da interpretação, seja ela de cristãos ou de não cristãos, e nem da ideologia de nosso tempo, que muda como muda o tempo. Mesmo assim, a Bíblia nos fala de princípios, que são imutáveis, porque inspirados por Deus, que conhece o tempo e não muda com ele. O que nós pensamos deve estar em conformidade com a Bíblia, não com a nossa interpretação, mas com o texto, que precisamos nos expor a ele para que ele nos exponha o conselho de Deus, o verdadeiro conselho de Deus, não o nosso, que tentamos tornar divino.

2. Mesmo que o contexto histórico em que surgiu o conselho de Deus, este conselho continua sendo de Deus, mesmo que o contexto seja outro, e será sempre outro. O
contexto, no entanto, é fundamental para entendermos o sentido do texto e para o aplicarmos ao nosso contexto.

PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS

1. Para entendermos a recomendação paulina acerca da submissão, precisamos ler tudo o que o apóstolo fala sobre elas em suas epístolas. Ele não se contradiz e com ele aprendemos, entre outras afirmações:

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"No Senhor, todavia, a mulher não é independente do homem, nem o homem independente da mulher. Pois, assim como a mulher proveio do homem, também o homem nasce da mulher. Mas tudo provém de Deus" (1Coríntios 11.11-12).
- "Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.26-28).

2. Embora possamos ter algumas dúvidas sobre como entender a recomendação paulina acerca da submissão da mulher, podemos ter certeza do que o texto não diz:
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Paulo não diz que a mulher não pode ocupar funções de liderança, inclusive de ser pastora. Quem lê o livro de Atos dos Apóstolos e as cartas paulinas nota, com abundância, a consideração que tinha para com elas em seu ministério.
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Paulo não aplica a submissão da esposa a todas as áreas da experiência humana. A instrução é específica ao contexto da vida de uma família cristã e não se aplica à política, aos negócios e nem mesmo à igreja.
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Paulo não recomenda que a esposa deve obedecer ao seu marido, como se não tivesse gosto ou vontade próprios. Filhos e servos devem obedecer. Esposas devem se submeter. Portanto, quando fala dos deveres dos filhos e dos servos, Paulo pede que obedeçam a seus pais e a seus senhores (hupakouete). Quando orienta as esposa, ele pede que se submetam (andrasin). Esta diferença não pode ser ignorada para entendermos o sentido da instrução paulina. A diferença não pode ser desconsiderada. A mulher não deve se esconder atrás desta submissão para se livrar de suas responsabilidades, como Eva tentou fazer. Safira foi tão culpada quanto Ananias, e morreu junto com o marido porque também pecou. A mulher tem o direito e o dever de discordar do seu marido, se for o caso.
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Paulo não autoriza o marido a tratar sua esposa como pessoa inferior, como se fosse ele um déspota que reinasse sobre sua mulher. Paulo não autoriza o marido a tratar sua esposa como uma criança a ser cuidada, porque incapaz. Paulo não admite que o marido possa desrespeitar sua esposa, humilhando-a (porque ela não trabalha fora, por exemplo), vigiando-a (por causa do ciúme doentio), proibindo-a disto ou daquilo (estudar, trabalhar fora, participar de uma igreja), tratando-a como empregada ou prostituta particular, sufocando-a em suas necessidades. Paulo não sinaliza que o marido pode cometer violência, física ou psicológica, contra sua esposa, porque Deus não é cúmplice da covardia.

O SIGNIFICADO DA SUBMISSÃO DA MULHER AO MARIDO

1. Marido e mulher são seres diferentes.
A submissão feminina, biblicamente entendida, é o reconhecimento das diferença de gênero. Homem e mulher são diferentes, logo têm papéis diferentes, que devem ser valorizados. Ambos podem se destacar no mundo dos negócios, da política, da educação e da ciência, mas há papéis, biologicamente ou culturalmente dados, que cabe a cada um. No desenvolvimento destes papéis, homem e mulher, marido e esposa, são complementares.
Tornou-se politicamente correto afirmar a igualdade absoluta entre masculino e feminino, mas esta assertiva é equivocada se não incluir a dimensão da diferença,
sem superioridade, sem inferioridade.
Casados, seu casamento terá futuro quando, vocês entenderem, valorizarem e cultivarem suas diferenças. Seu casamento enfrentará turbulencias quando um desejar mudar o outro naquilo que tem de diferente.

2. A submissão feminina, biblicamente entendida, é a afirmação que o relacionamento entre marido e mulher deve ser exclusivo, no sentido de ser um para o outro. O amor e o cuidado devem ser mútuos, com um servindo ao outro. Nem homem nem mulher é mais importante do que o outro aos olhos de Deus (Gálatas 3.28), pois Deus os criou à sua imagem (Gênesis 1.27) e os tornou co-herdeiros do dom da graça da vida manifestado em Cristo Jesus (1Pedro 3.7).

3. A submissão feminina, biblicamente entendida, tem o mesmo peso que o amor masculino. Devem as esposas se submeter a seus maridos? Sim. Mas os maridos devem amar as suas esposas. Amar é a forma masculina da submissão feminina.
A submissão feminina e o amor masculino deve ser no Senhor, o que quer dizer que a submissão e o amor são dedicados primeiramente ao Senhor. Ambos são para honrar ao Senhor. Não são os maridos os primeiros destinatários da submissão e as mulheres os primeiros destinatários do amor, mas o Senhor; maridos e mulheres são destinatários em segundo plano.


• Com esse tema proponho uma conclusão:•
Os textos, as leis, as regras só tem sentido se em conformidade com nossa realidade, senão, não teriam função. Vivemos em um constante processo de legitimação das nossas leis, da nossa vida. Realmente a Bíblia não será reescrita, mas sempre reinterpretada.


2 comentários:

Douglas disse...

Belo texto Blenda^^

Mas isso de reinterpretar vale pra mais coisas além da bíblia, muitas coisas principalmente hoje em dia, precisam ser constantemente reinterpretadas para se adequar ^^

Guilherme Dias disse...

excelente texto como sempre neh ^^

tudo q é novo perante a sociedade leva tempo para ser aceito por todos de bom grado e quase sempre pra ser mudado o ponto de vista da sociedade é preciso acontecer uma tragédia com grande repercuçao na midia só com esse ocorrido os lideres tanto politicos como religiosos costumos mudar costumam reinterpretar conceitos simples mais banalizados pela sociedade.
No mundo que vivemos hj pelo menos na minha opinião nao tem mais espaço para o preconceito q nada mais é do que a falta de tolerância e como o nome já da uma dica nao crie um "pré-conceito" conheça antes de julgar .