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26 de junho de 2010

Vida de Universitário I


Cheguei ao final do meu primeiro período no curso de Direito. Se em pouco com tempo já sabemos se é realmente esse o curso que queremos, eu tenho certeza que é o que quero. Agora mais do que nunca. Faculdade, realmente, é totalmente diferente da escola. Mais difícil, talvez. Depende. Depende inteiramente de você. Os estudos nos consomem, isso é óbvio. E é assim que criamos ainda mais responsabilidade. Não ache que professor vai te cobrar material, leitura, trabalhos, presença. Não, ele não vai. Pra quem pretende fazer o mesmo curso, saiba que Direito é tudo aquilo que você não espera. Quando entrei, pelo menos eu, tinha em mente que seria um curso mais voltado na tentativa de construir o mundo melhor. De acordo com meu professor, é o lado romântico do Direito. Somos capacitados pra isso, mas é muito, mas muito mais complexo do que imaginamos. No primeiro dia de aula, pego meu professor mais “temido”, o que todos nos colocavam mais terror. Chegou e acabou com toda ilusão que tínhamos sobre a realidade do Brasil, e todo a ordenamento jurídico. Mas quando o tempo vai passando e vamos convivendo mais, é que vemos que conseguimos, aprendemos a lidar com essa complexidade. É um estudo prazeroso, intenso, interessante. Tive sete matérias: Psicologia Aplicada ao Direito, Sociologia I, Filosofia I, História do Pensamento Jurídico, Português Jurídico, Ciência Política e Teoria da Constituição. Na Psicologia aplicada ao Direito o próprio nome já explica; relacionamos o psicológico com Direito. Sociologia I e Filosofia I é o que já aprendemos no ensino médio, mas de modo bem mais aprofundado. História do Pensamento Jurídico vemos de onde surgiu e como evoluiu o Direito, as concepções de Justiça, as primeiras leis, divisão do Direito Natural e Positivo, etc. Ciência política aprendemos muitos conceitos, poder, autoridade, nação, Estado, entre outros. E Teoria da Constituição, que se tornou minha paixão; estudamos dezenas de autores, que pensam diferente, mas que estão todos certos. Fato que demoramos um pouco a nos acostumar no Direito. Não existe certo ou errado. Existe o melhor argumento, e como diz meu queridíssimo professor Túlio Picinini, melhor argumento não é aquele que não conseguimos vencer, e sim aquele que permanece mais ao longo do tempo apesar de todas as críticas.
Fizemos muitas leituras, claro que é um curso que exige muito. Ainda mais com meu professor de História do Pensamento Jurídico, Carlos Eduardo, um apaixonado por leitura, que tem uma humilde biblioteca com mais de 4 mil livros, com um vocabulário riquíssimo e um exemplo de incentivo a leitura. Cada aula recomendava cerca de 6 biografias diferentes. Minha professora de Psicologia aplicada ao Direito, que é Psicóloga Luciene Lessa, eu temia, ou estranhava, não sei. Pra mim ela me analisava o tempo todo, vai ver era só cisma. Rosana, professora de Filosofia I, a pessoa mais meiga que já conheci em toda vida; olhos verdes que acalmam aqueles que te olhavam; me lembra um anjo. Renato meu professor de Sociologia I e seus palavrões, cachorros, etc. Ricardo que todo final de aula dizia: “bom, é isso.”
O melhor mesmo de tudo isso, além do conhecimento, são os amigos. Conhecemos tanta gente que nos cativam, e outras que queremos matar. Mas convívio é sempre assim. Gostamos muito, ignoramos ou odiamos. O ir e vir de Sete Lagoas é um pouco cansativo; o convívio obrigatório com pessoas que não são tão agradáveis complica um pouco. Ossos do ofício, ser doutora não vai ser fácil.
Me desculpem o texto extenso, mas tentei resumir seis meses de uma experiência única, e que se prosseguirá por mais nove períodos. Nove períodos de estudo, estresse, correria, medos, pessoas, farras e muitos quilômetros rodados.

3 comentários:

Drika disse...

Olá cara futura colega, já passei por essa correria na faculdade de Direito, mas aproveite, pois a época da faculdade é o melhor de se fazer direito, depois é estudar mais e mais, especializar-se, tem o estágio (que eu adorava fazer),tem o exame da ordem, pelo qual já passei, sei que não é fácil, depois tem a luta para conquistar um emprego na área privada ou pública, e continuar estudando, pois o direito não é uma ciência exata, é mutável.Sou advogada, militei em SP fazendo advocacia dativa e autônoma; hoje em Floripa estou tentando um emprego na área privada, está muito difícil, às vezes penso que a faculdade de direito é para concursos públicos (como bem disse meu pai na época que iniciei o curso), pois quase todos caem matérias jurídicas.É isso: fé, coragem e estude muito!!Aproveite o estágio para conquistar já sua vaga no mercado de trabalho!Bjs

Douglas disse...

Graças a Blenda Amaral podemos ler um texto extremamente bem escrito e elaborado como esse é , gostaria de agradecer ao apoio que ela vem dando ao blog e dizer que, mesmo com as criticas que recebo sobre o posts dela eu não me arrependo nem um segundo de tê-la como colaboradora aqui no blog!

Para finalizar gostaria de parabenizá-la pelos ótimos textos e que você continue assim!

Blenda Amaral disse...

Obrigada pelos comentários, e a você Douglas pelo convite. Colaboro sempre quando posso, e deixo aqui o meu convite pra quem quiser colaborar também com algo que tenha a ver com o Blog. Em breve criarei o meu, mas não vou deixar de contribuir. A quem apreciou, obrigada, estou sempre aberta a críticas. Beijos.